domingo, 29 de maio de 2011

Ir Realmente


R.~ diz (21:55):

*ENFIM
Mr. Nobody diz (21:55):
*não quero mais pensar sobre isso
Mr. Nobody diz (21:56):
*estranho essa coisa em mim que tu provoca
*é incômodo
*e se mexe o tempo todo
R.~ diz (21:57):
*é estranho pra mim também, sério
R.~ diz (21:58):
*coisas que não entendo..
Mr. Nobody diz (21:58):
*não gosto de não saber
*pareço uma criança
Mr. Nobody diz (21:59):
*que, enquanto o pai não explica de onde uma criança vem, fica bolando as teorias maais absurdas na cabeça
*só pra alimentar parcialmente aquela curiosidade sobre o que não sabe só pra ter segurança do que são as coisas
R.~ diz (22:01):
*e aí pode bolar uma teoria certa ou próxima da realidade, ou algo nada a ver
*mas como se parece uma criança, mas não se é
*a teoria não basta pra satisfazer, mesmo que temporariamente tal curiosidade
*porque incertezas hoje parecem perda de tempo, de oportunidade
*e de sanidade
Mr. Nobody diz (22:02):
*talvez se evita para se evitar a angústia que é pensar
R.~ diz (22:05):
*ou se evita por haver uma teoria favorita, e ter medo dela não ser a real
*enfim
Mr. Nobody diz (22:08):
*não entendo isso de ter medo de não ser real...
Mr. Nobody diz (22:09):
*a gente inventa a realidade que quer, com as fantasias que quer, no final... a gente enxerga o que quer enxergar, como se gostar fosse enxergar e desgostar fosse desenxergar
R.~ diz (22:10):
*mas enxergar só o que se quer não é tão simples assim
*eu enxergo minha prof de produção de tecidos toda segunda e, acredite, eu não quero HAHAHHA
Mr. Nobody diz (22:10):
*adfufhbiufbaiufbuf'
*não é enxergar de percepção
*doida véia
R.~ diz (22:11):
*a gente não quer se machucar, então mesmo querendo enxergar algo lindo, se houver algo que possa machucar e não seja lindo, a gente acaba enxergando de qualquer jeito
*esse instinto de sobrevivencia do ser humano faz ele "querer" enxergar o pior também
Mr. Nobody diz (22:12):
*mas quando se força a enxergar o melhor
*até as feridas são bonitas
Mr. Nobody diz (22:16):
*eu não queria usar "amor", mas não achei outra palavra que se encaixasse
R.~ diz (22:17):
*amor é uma palavra metida mesmo hahaha
*mas de fato é a mais pratica de se usar
*a vontade de que tudo seja lindo
*acaba tranformando tudo no universo pessoal de cada um
*mas nunca 100%
R.~ diz (22:18):
*porque a realidade é sempre mais forte (excluindo casos de loucura e dorgas, claro hahaha)
*e uma realidade linda, é dificil! muito.
Mr. Nobody diz (22:19):
*há sempre de se cair na rotina
Mr. Nobody diz (22:20):
*mas todo mundo arrisca de novo
*pensando "dessa vez vai ser diferente" e nunca é
*então a gente corre da realidade o tempo todo
*pra não ser esmagado por ela
R.~ diz (22:27):
*e quando está na realidade, quer fugir pra fantasia
*mas quando estar na fantasia, tem medo da realidade
*e então fica migrando de uma pra outra, direto

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nós, caramujos

   





“O homem se vê obrigado a construir seus castelos no ar”.

Fantasias, desejos induzidos? Manifestos distorcidos do inconsciente? Vivemos uma realidade que nem sempre é real, temos aquela que queríamos viver, aquela que os outros querem que nós vivamos e a que, de fato, vivemos, mas nem sempre aceitamos.

Todo mundo acha que se conhece muito bem, mas todos carregamos demônios que fazemos questão de esquecer e mesmo que haja essa necessidade, eles ficam escondidos em algum lugar, lutando para se libertar da repressão que os fazemos, então nunca nos somos por completo, porque achamos errados os nossos próprios desejos, mas errado para quem? Nós? A sociedade? A ética e a moral vigente? Quem disse o que é certo e errado? Existem cidadãos? E, além disso, normais? É certo haver certo e errado? E se for errado? E se for nenhum?

Não sabemos...

O homem constrói sua imagem e, às vezes, crê que ela existe, zela, cuida, reza e mente para si, para os outros, um cidadão-modelo (“Ô, coisinha tão bonitinha do pai”) e quando vê suas ilusões quebrando junto com os pedaços de vidro no espelho ou com as taças que a mulher lhe joga, seu mundinho desmorona...

“Todo esse teatro não impressiona por maior que seja sua recompensa, não se importe tanto assim com sua imagem decadente e, enfim, nada adianta depois se lamentar por maior que seja sua displicência... Sem ameaças ensaiadas na frente do espelho, o caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor...”

Tira essas costas da lama antes de me dar as botas.

Realmente, todos precisamos de ilusões para viver de desejos pelo quais morrer, porque a realidade é muito dura para enfrentar sozinho, então se pega uma daquelas máscaras de carnaval e sai com um sorriso enorme no rosto... A cara da agonia pintada com um nariz de palhaço.

Talvez se nos víssemos como realmente somos, morreríamos de desgosto.

domingo, 1 de maio de 2011

O Açoito na Mão

                   


Pecadores são os poetas, que de vasto calo, vão escrever sobre as suas dores, os seus amores... Poeta? Poeta finge, denigre, inflige, mente, inventa, hipnotiza, manipula... Poeta? Poeta sobrevive das suas desgraças mascaradas nas desgraças dos personagens...

                Poeta não exprime, imprime, subjetiva e vai falar de sentimento... Sentimento pra que? Pra preencher o verso, montar as estrofes para ganhar os troféus de aplausos e ganhar um romance, romance? Não, sexo... E, sim, os aplausos, porque poeta que é deveras depressivo, só consegue sobreviver da beleza das suas dores expressas nas rimas dos seus poemas... Não sei fazer rima, não sei montar as linhas com os metros, então não sinto dor?

                Poeta versa as suas ideias pra comprar o pão e pagar os impostos... Não escrevo os meus sentimentos, porque eles não cabem no papel e nem o papel cabe neles, não me contento em uma parte pra representar o todo, porque sempre acaba ideal ou miserável demais. Se escrevo sobre ela, tenho que escrever sobre os meus dias risonhos, enfadonhos, moribundos, porque o que sinto é totalmente mutável e, depois do escrito, eterniza-se como um único sentimento e se torna imutável...

                Pecado! Mentira, porque é parte pelo todo, porque há dias que me sinto depressivo, quase morto, aproximando-se do inerte, o zero absoluto, mas há os dias que a vida sorri pra mim e viver é a experiência mais fantástica que existe...  Então varia, dependendo dos dias que eu faço força ou não para me levantar da cama, também varia nos dias que quem faz a força é ela... Então não se pode escrever sobre o amor falando somente de dor ou felicidade, porque há dias...

                Nos dias que tu alimentas os meus vícios de longo fôlego, meu amor vira luxúria... Nos dias que tu me machucas, o amor vira dor... Nos dias que lutamos pelos sorrisos e rolamos na cama como se fôssemos eternos, o amor permanece amor. E, digo-te, quando permanece amor, vale a pena todos os dias de sangue.

                Isso não se pode escrever no papel, porque isto aqui não é diário de bordo, é poesia, um manual de instruções, ensina-te a me montar pelo todo que é parte do meu eu...

Não sou poeta, sou um amador iniciante, e sempre o serei, que usa as mesmas ferramentas para fins diferentes. Eu não produzo, eu fagocito.