segunda-feira, 28 de novembro de 2011

No Escuro

Nunca dei de negar o mundo
                Que me fez um imundo
                Lazarento atormentado pelas dores do prestígio
                E pelo qual hei de perder o juízo

                Vivo pensando em suicídio
                Mas, antes, terei de cometer um homicídio
de um estranho que vive na escuridão do meu leito
a me olhar, a me repudiar, a me mirar o peito.

                Tem um estranho a me observar,
                a me sussurrar
                no ouvido
                coisas que mastigam o meu corpo doído

                “Doido, louco, demente!”
                Dizem, dizem que perdi a mente!

                Tem sim, tem sim!
                Juro que tem um estranho a me vigiar no sonho
                e quando eu acordo, ele está lá, a me olhar com uns olhos de espanto
                Digo-te, minha santinha, que não é alecrim!

                Ele saliva pela boca com uma espuma de convulsão
                Depois treme a cama com a força de Sansão
                ME DÊEM! ME DÊEM PROTEÇÃO!