sábado, 17 de maio de 2014

Sobre uma ausência fixada

Queria eu poder arrancar do peito essa coisa viva, pulsante e amórfica que tu criaste dentro de mim e, desde quando existe, faz-me um incômodo e um bem-estar que estão sempre a se devorarem, como um eterno conflito interno, e ora uma domina a outra, ora a dominadora é dominada, porém resistem dentro de mim como se os meus anticorpos não conseguissem expulsá-los, por mais autodestrutivos que me podem ser e meu corpo parece gostar do estrago, mas vai além de, porque no, tudo é, como sempre, mas as vezes nunca, tanto quanto, então o e nada além impedir-me-á,

Detestei o jeito que você me pôs nessa grande casa, mas adoro morar aqui, o que me incomoda é o teu jeito de sempre ver as chamas onde não há, tu começando um incêndio com a tua própria cabeça, destruindo, assim, a minha liberdade em escolher ser escravo, não quero carta de alforria nenhuma e, mesmo que chegasse a aceitar, eu nunca sairia do conforto das tuas meias, desejando o todo por uma migalha só, um jeito de ver sua ambição bem de perto,
Longe, em um mundo onde a gente não precisa sangrar para os outros verem o que há dentro de nós, é o lugar onde a gente pode viver de verdade e lá, eu voltarei para os seus braços, porque eu não sou nada fora deles, eu não existo fora daqui, porque o mundo de ficção também é real e o nosso conto de fadas não tem um fim determinado, porque somos nós quem o escrevemos e ainda estamos apenas no rascunho, quase todo manchado de corretivo e borrado quando a tinta de caneta ficou em excesso,,,

                É relevante dizer que, como não se trata da nossa fútil realidade, a gente pode reescrever o conto, apaga-lo e começar/terminar onde quisermos sem, necessariamente, precisar de um começo para se ter um fim e vice-versa, mas nunca é ponto final e sim vírgula,

                E, enquanto não é real, nem concreto, é indestrutível, mas vem acompanhado do amargo “quase-arrependimento” do “e se?” e é por isso que as pessoas (eu) sentem tanta necessidade de viver para saber o que é ou o que deixará de ser, porque, todos (nós), queremos um amor: seja bom ou seja amor,


                Também não sei se o que venho a  te falar são mentiras sinceras ou seriedades fajutas, mas não há aposta sem risco e, CA-RAM-BA, como você me julga pela casca que eu uso para me proteger do mundo, SIM, os eus me dominam e eu estou tão sujo, mas tu é a luz pra me tirar da escuridão que eu mesmo criei para me proteger, mas tenho tanto medo de me absorver, sim, um farol para um desesperado, mas desespero de quê? Da falta de luz, sim, agora eu consigo ver, assim, com as pupilas dilatadas desses que foram fuzilados de realidade, mas também já me certifiquei de que tu tem a luz necessária e é a ÚNICA que pode me salvar de mim mesmo, então serei teu eterno vassalo, ensina-me a respirar,,,