Escrevo-te uma rima sem verso, um refrão sem melodia, porque aprendi a te amar em silêncio, um amor de calmaria e temporal, porque se for apenas calmaria, tu abandonas-me pela rotina e falta de expressão, se o for somente temporal, tu abandonas-me pela intensidade e ferocidade que fazem a insanidade crescer e tu ficas com medo de perder o controle.
Tudo é medo, medo é a razão emocional da inconstância do nosso relacionamento, é a razão pela qual não fujo e a emoção pela qual não fico, ambos são medo de te perder e acabar com uma xícara despedaçada no chão, porcelana espatifada.
Enquanto catamos os vidros, um ou outro corte vai surgindo, porque para a ressurreição acontecer a dor é pré-requisito e por mais resistente que o meu navio seja e que o mapa esteja em minhas mãos, os icebergs sempre mudam de lugar e aqui já não está mais presente o bom navegador de outrora.
Tanto quis te ter que forjei asas nos teus pés, limito-me para que não repouses e nem voe além do céu, você acabará nos queimando, minha Santa Inquisição, viemos do pó e para o pó retornaremos.
Para toda ação há um braço que pende, e a morte não é a dor da vítima, mas dos impactos de estar sem ela, ela... A dor ou a vítima? Romanescas e pitorescas, meus privilégios de alma baronesa.
Quero ser Arlequim, tu me pedes pra ser Pierrot, mas acabo tendo que assumir o papel de Colombina para te dar sentimentos e em troca me dar teus quilos de carne e ossos.
Pede-me para que partas e fique, vivo em uma eterna febre, dividido entre o quente e o frio, uma armadura de gelo que se desmorona em flocos de neve que caem e o meu coração que repousa no meio dos teus dentes parece gostar do estrago.
Quanto tu escreveu, tu sentiu? Porque, caramba, eu senti muito.
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