Estou a tatear
essa densas paredes do meu quarto fúnebre, vendo uma densa cadeira amórfica
pregado no teto a desdenhar da minha agonia espalhafatosa, respirando a porra
de um ar venenoso que entope meus pulmões do movimento espiralar da queda da
merda e de um chorume, como se tivesse afundado nos lençóis ilusórios da minha
cama para ser afogado em um mictório de estrelas do rock, tudo morto, e as
tumbas dos meus ancestrais cadavéricos ficam a zombizar na minha cabeça, os
fantasmas surgem e eu não fujo, eles me chamaram para brincar de escravos de
loló.
Seringas no
chão, alegrias injetadas na veia e passando por todo o meu corpo lentamente.
Anoiteci-me, mas tenho medo de não mais acordar. O meu correr é insuficiente.
Minhas pernas estão lá, mas não. Os meus olhos enxergam, mas não. Eu vivo, mas
a minha existência não me alcança. Eu corro, eu fujo, eu acho que estou voando,
mas provavelmente eu esteja só caindo. A primeira e última vez sem chão. O
final. Eu quero partir, mas. E se... Não! Eu estou indo para um lugar onde eu
nunca. Talvez volte, talvez não. Talvez eu ganhe asas, talvez não, mas estou
indo.
Rouxinóis
verdes claros estão a contaminar a minha vista, o mundo parece ser tão longe
dos meus pés agora... O cheiro de queimado sobe, minha vida se esgotando junto
com as cinzas, estou envelhecendo na mesma merda de cidade fadado a morrer
essas minhas últimas mortes, morrendo pra nascer igual com o som do mesmo
estúpido sino badalando no meio-dia, com o mesmo cheiro de queimado e eu só
precisava de um chá de cogumelos...
E no fim da
tarde, essas pequenas criaturas ficam me atormentando, perfurando meu estômago,
defecando na minha corrente sanguínea, uma tortura de nunca mais. Eu me perco
sempre, mas eu consigo. Não tenho sempre, mas ainda. Respiro, mas escapa.
Escapa e não mais me pertence, foge de mim, o queimado, a queda, os sinos,
pequenas criaturas, eu e nenhuma mais outra poesia.
Eu tenho medo
de partir, mas ficar já me é agonizante...