Queria eu
poder arrancar do peito essa coisa viva, pulsante e amórfica que tu criaste
dentro de mim e, desde quando existe, faz-me um incômodo e um bem-estar que
estão sempre a se devorarem, como um eterno conflito interno, e ora uma domina
a outra, ora a dominadora é dominada, porém resistem dentro de mim como se os
meus anticorpos não conseguissem expulsá-los, por mais autodestrutivos que me
podem ser e meu corpo parece gostar do estrago, mas vai além de, porque no,
tudo é, como sempre, mas as vezes nunca, tanto quanto, então o e nada além
impedir-me-á,
Detestei o
jeito que você me pôs nessa grande casa, mas adoro morar aqui, o que me
incomoda é o teu jeito de sempre ver as chamas onde não há, tu começando um
incêndio com a tua própria cabeça, destruindo, assim, a minha liberdade em
escolher ser escravo, não quero carta de alforria nenhuma e, mesmo que chegasse
a aceitar, eu nunca sairia do conforto das tuas meias, desejando o todo por uma
migalha só, um jeito de ver sua ambição bem de perto,
Longe, em um
mundo onde a gente não precisa sangrar para os outros verem o que há dentro de
nós, é o lugar onde a gente pode viver de verdade e lá, eu voltarei para os
seus braços, porque eu não sou nada fora deles, eu não existo fora daqui,
porque o mundo de ficção também é real e o nosso conto de fadas não tem um fim
determinado, porque somos nós quem o escrevemos e ainda estamos apenas no
rascunho, quase todo manchado de corretivo e borrado quando a tinta de caneta
ficou em excesso,,,
É
relevante dizer que, como não se trata da nossa fútil realidade, a gente pode
reescrever o conto, apaga-lo e começar/terminar onde quisermos sem,
necessariamente, precisar de um começo para se ter um fim e vice-versa, mas
nunca é ponto final e sim vírgula,
E,
enquanto não é real, nem concreto, é indestrutível, mas vem acompanhado do
amargo “quase-arrependimento” do “e se?” e é por isso que as pessoas (eu)
sentem tanta necessidade de viver para saber o que é ou o que deixará de ser,
porque, todos (nós), queremos um amor: seja bom ou seja amor,
Também
não sei se o que venho a te falar são
mentiras sinceras ou seriedades fajutas, mas não há aposta sem risco e,
CA-RAM-BA, como você me julga pela casca que eu uso para me proteger do mundo,
SIM, os eus me dominam e eu estou tão sujo, mas tu é a luz pra me tirar da
escuridão que eu mesmo criei para me proteger, mas tenho tanto medo de me
absorver, sim, um farol para um desesperado, mas desespero de quê? Da falta de
luz, sim, agora eu consigo ver, assim, com as pupilas dilatadas desses que
foram fuzilados de realidade, mas também já me certifiquei de que tu tem a luz
necessária e é a ÚNICA que pode me salvar de mim mesmo, então serei teu eterno
vassalo, ensina-me a respirar,,,
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