segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Vidinha - Rônei Jorge e Os Ladrões de Bicicletas
domingo, 19 de dezembro de 2010
Patologia
domingo, 12 de dezembro de 2010
Alegorieuforia - Só Divirto Hienas
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Sem título
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Epifania
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Nascer, crescer, reproduzir e morrer
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Breve e Cuspido
Mas...
Quero. Exijo. Imponho. Tenho muitos problemas. Problemas de afeto, problemas íntimos de pescoços e cachos, problemas em sonhos, em pés e abraços... É uma formicação espontânea e involuntária, contrai... Pulsa, contrai e pulsa.
Agora contrai, sufoco... Mas volta a pulsar e se perde em uma veia, que não faz com que ele chegue à outra... Feito um corte sem reparos, feito cacos sem retalhos. Então o meu problema é ter doença... Pathos... Paixão, porque os próprios latinos a apelidaram assim... Então não sei, não sei... O que dizer, o que explicar, o que exigir, o que querer, o que impuser, os meus não-problemas... Porque seriam problemas se assim os chamasse, mas seriam métodos de provação se assim os enxergasse... Cálice, cálice, não quero mais beber de vinho pra me embriagar e cair ao teu relento, tão quente quanto frio, tão doce quanto amargo... Porque se não tem amargo, o doce não fica tão doce assim...
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Xilindró
Pão, cão, refrão, bordão, ão de são.
Polaca.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Desabafo Poético
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Olheiras
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Ergastenia
domingo, 10 de outubro de 2010
No meio do sorriso
Nunca me esquecerei do ocorrido
sábado, 2 de outubro de 2010
Eu tenho fome e pareço não me encher
Ambicioso é querer comer além do que pode e com alvoroço... Causa pena à tua chaga, guarde-se, recolha-se por enquanto, não transpareça fraqueza, repugne todo tipo de remorso. Ambição está intimamente associada à gula. Pecados? Diga-me você, estúpido leitor.
Meu corpo apodrece lentamente por não absorver o tão preciso alimento necessário à vida. Desnutrido, desamparado e largado permanece... Caindo aos pedaços, pedaços secos e enrugados. Epiderme suja, endoderme pútrida, mesoderma entre. Sou um embrião decadente, cheio de vitelo ao redor, mas parece não se encher, quer mais.
domingo, 26 de setembro de 2010
Penúria
"E todos eles pensarão o mesmo no conforto do sepulcro."
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Sujamente
Era ele um irlandês no avião viajando para o Brasil e tinha um volume extra preenchendo a sua calça frouxa, estava com a mão no bolso da calça, como se estivesse a acariciar um bebê, porém com uma brutalidade voluptuosa, com os dedos subindo e descendo...
Estava excitado e ansioso, lembrava que um amigo seu, de aparência rústica e simplória, ao contrário dele que era intelectual e sagaz, havia viajado ao Brasil uma vez no carnaval, viu mulheres praticamente nuas, mulatas com ótimas curvas e que dançavam com o corpo todo, requebrando delirantemente os quadris, algumas usavam saias longas e mesmo assim dançavam cheias de graça e exuberância de prazer, deixando com que a imaginação se fertilizasse e desse muitos frutos aos fetiches.
O irlandês, com quarenta e poucos anos, já havia trilhado por vários corpos e posições, mas nunca ouvira falar de tal gingado, nunca tinha vindo ao Brasil e veio com a intenção de achar o que ele tanto procurava. O sexo para ele virara trivial e não gostava disso. Instruíram-no a procurar uma mulher do mesmo nível intelectual, procurara e achou diversas delas, transava com admiradoras de Picasso, fãs de Freud, adoradoras de Hitler, maestras que reproduziam e endeusavam as sinfonias de Beethoven, mas a nenhum delas se entregara por inteiro e o sexo ficara monótono. Ficou em um grava estado de depressão, se colocasse sua vida em um eletrocardiograma apareciam apenas linhas retas, uma eterna constância mórbida ou até mesmo um eletrocardiodrama, galhofa penosa.
Era a última aposta de sair dos olhos cinza e começar a ver a vida com as suas mais diversas cores vivas, doença parasita de daltonismo social. Havia de achar uma mulata que reanimasse o macaco dentro dele e que mais uma vez sentisse luxúria de bode.
Não queria uma mulata qualquer, queria uma de seios fartos e quadris largos, que despertasse desejo só com o olhar, sabia que era pecado, mas preferia uma efêmera vida de pecador a uma efêmera e hipócrita vida de conservador.
Ele tinha uma fome insaciável, uma sofreguidão inesgotável e até quem o via comprando o passaporte sabia de todos os seus pensamentos sórdidos, disfarçava o riso, até mesmo os mais miseráveis que iam com o mesmo intuito riam, tinham uma imagem a preservar.
Desceu aflito do avião, nem sabia direito onde estava e não falava português, ia alimentando os olhos, mas os seus nervos estavam afoitos, não paravam, não paravam, tinha fome e parecia não se encher.
Enfim foi caminhando por uma rua e “onde estavam as mulatas nuas?”, andou, andou, estava quase desistindo quando, subitamente, em uma esquina, em um lugar retangular, viu muitas mulheres com saias longas, cabelos negros, peles morenas-jambo, lábios carnudos, só estranhou o fato de terem muitas roupas, viu que dançavam jubilosamente, pulavam e festejavam.
Entrou no retângulo e viu as pessoas ficarem de joelhos diante uma imagem de um garoto nu, pensou “súcia de brasileiras pedófilas e safadinhas, se elas se ajoelham diante de uma imagem de um garoto nu, imagino o que devem fazer na frente de um homem real”, sua braguilha abriu de tanta excitação, seria um paraíso, percebeu, mas não tomou atitude alguma, deixava seu corpo equilibrar-se com aquele calor do Brasil, clima demasiadamente afrodisíaco, sentia o alvoroço daquele lugar retangular, a agitação molecular fremia a sua carne.
Ele levantou a cabeça e leu “Protestant Church”, ele sabia inglês, notou que todos olhavam para ele e sua braguilha, viu o Menino Jesus no pedestal, pensou “imagine só os puteiros”.