quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Arlequim


Arlequim, arlequim, arlequim, quim, quim... Soa tão infantil e me parece intenção essa aura de infantilidade, quase eficaz. Uma mistura roxa, ora diáfano, ora translúcido, nunca opaco; cansara de ser indecifrável, então facilita. O perigo é ele estar consciente de tudo que faz e é.

Arlequim é sorriso, isso é medonho, sorriso com escárnio, sorriso eufórico, sorriso voluptuoso, sorriso ingênuo... Todos muito bem trabalhados passam até despercebidos, mas também a maquiagem contorce, ajudando-o.

É palhaço, transborda felicidade e por trás daquele largo sorriso pintado de vermelho em tão alvo rosto, esconde-se uma impassibilidade do tamanho do vazio, um sono sem sonhos.

Parece, com o passar do tempo, monótono, uma imutabilidade constante, imparcialidade cansativa, isso é bobeira de cego, ele é mutabilidade invisível, interna dentro da essência. Constrói uma superfície fraca, só para cumprir cabeçalho, não a apreciava, então limitava suas mudanças às estranhas, não só mudando-as de lugar, permutava também com as entranhas do ocasional movimento pendular de um relógio.

Encantava dentro e fora do espetáculo, pois a sua fatal alternância entre o branco e o preto era fascinante, simultaneamente. Continuava sua antropofagia, mas vomitava muita coisa da qual se alimentava, porque pouca coisa lhe convém. Continuava com máscaras, mas agora eram de madeira, particularmente não gostava, porém não se livrava, era praxe rotineira, parara de relevar coisas supérfluas e passara a supervalorizar o implícito em si, vivia de “delírios”.

Ludibriava só para saciar os desejos de luxúria da carne, mas depois da realização, achava-se sujo, pérfido, criava nojo da própria epiderme, então se enchia de perfumes e banhos, vã tentativa. Ele era balconista e aprendera o sorriso eterno, era pintura e queimava internamente, sem inflamações de ego, queria apenas baixar a cabeça, só para descansar... Os músculos estavam doloridos.

Julgavam-no triste, julgavam-no deprimido... Ele riariaria, era escárnio,




Medonho... Às vezes tristonho, nunca irei saber ao certo... Ou simplesmente sei e não desejo me revelar. Tinha certo receio de expor, prefiro calar e assim permanecerei... Shhhhhhhh...
Silêncio!






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Dói





















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3 comentários:

  1. Não consegui comentar ontem, mas... eu curti muuuuuito esse. Muito meeesmo.

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  2. Adorei seu blog. Virei seguidor! Se desejar passe em http://lectandome.blogspot.com
    Abraço. Feliz Ano Novo!

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  3. Olá.

    Adorei este post!
    Eu tenho uma marca que usa uma mascára do arlequim e preciso de um poema/texto/ descrição...e não nasci com este dom igual ao sei... então posso usar a sua? Devidamente creditada?

    Obrigada

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