segunda-feira, 19 de julho de 2010

As Flores do Mal Viver


Texto feito por mim e o magnífico cravo que embala as minhas tardes, Diego Paulino.


A esperança é inimiga do apaixonado, que passa a viver seus dias em função de um expoente ímpar, na busca de um par. Aflita, pois não era dividida por um ou por dois, era dividida por ninguém, então não existia? Essa idéia a apavorava...
Procura uma maneira de viver assexuadamente, na busca de si mesma, apenas. Mas, acabara descobrindo a incapacidade de viver na solidão noturna de sua varanda, pois necessitava fazer fotossíntese. E com o tempo, percebeu que já fora uma angiosperma rara, com frutos suculentos e sementes produtivas. Mas, agora já se confundira com uma briófita, simples e estéril.

Passara os seus dias enfeitando-se com as mais belas cores de pétalas e se enchendo do que ela chamava de vida, mas no fim da tarde, depois de tantos olhos de admiração, não passava disso, era atração instável. O elétron que completava sua ressonância era o mesmo que expandia seu octeto, e isso lhe doía à alma numa dicotomia singela, singular. Não suportara a situação, mas prosseguira fiel aos seus sentimentos mais puros e doloridos.

Gritava silenciosamente em um uníssono particular que se difundia eclodindo as paredes do seu quarto, as ondas se propagavam com amplitudes infinitas e a sua freqüência, conseqüentemente, era mínima, mas insistia em ser λ. O reforço conseqüente do amor e ódio que sentia gritava em seus ouvidos de maneira tão intensa que ecoava em todos os seus dias.

Era um fato para ela a ligação intrínseca que ficava entre o ódio e o amor, era sua semente, sua própria seleção natural, porque disputava não com outros, mas com seus próprios distúrbios bipolares, era um canibalismo antropófago, muitas vezes mudava de nome e de máscaras, pois sentia certa repulsa por si, era um travesseiro que se asfixiava, travavas guerras totalitárias e/ou absolutistas na frente do espelho até se estilhaçar e sobrar só ela no interior.

Mensurar os continentes de tudo o que sentia era, definitivamente, impossível. Seu coração estava num processo de deriva, em busca de frentes frias para acalmar esse músculo pulsante. Não entendia como se dava a morfologia de seus sentimentos, mas sabia que a semântica daquela situação era necessária, e que isso não representaria o fim, mas um meio bastante útil para a compreensão da Literatura de sua vida (PONTO INICIAL).

Um comentário:

  1. Não elogiarei mais seus textos, cara. Não dá.

    A biologia, deveria ser ensinada assim.
    Só digo isso.

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