sexta-feira, 23 de julho de 2010

Borra de Café


A volúpia das suas carícias é o meu incessante invólucro incontido no já, oculto em cada gesto meu. O paroxismo que é o instante do meu prazer foi extraviado da posse das minhas mãos, então o feitiço cessou e levou consigo o meu adorado lazer que me retirava do cinza da tarde.

Estou à porta esperando, pacientemente, o seu retorno, mas será que vai voltar? E se voltar, será o mesmo? Queria eu poder arrancar as palavras do vento para poder te demonstrar essa indescritível sensação!

O silêncio agora presente em nossas almas revela, instintivamente, as minhas lágrimas secas, os meus olhos vermelhos e a minha áspera expressão querendo fingir que "everything is gonna be allright! Can’t you see?"

E é meio que uma ironia, você que antes já dormiu aqui fascinada por esse “incrível” lugar, agora só faz visitas breves e cada vez menos freqüentes e eu percebi que esse lugar fica mórbido e monótono com a ausência da sua presença!

O presente... O meu presente é sempre cheio de vigor, coragem e vontade de ficar e lutar, mas quando noto já virou passado, daí o meu presente fica absorto em pensar no passado e não ver ações, então o meu futuro fica sem expectativas e habituado a esse constante vazio, porém o meu presente acumula forças para eclodir e a única esperança que restou é a tua silhueta, já distante.

Agora não mais poderei me embriagar e deleitar com a tua ilustre presença, e isso já me trás a dor nostálgica do pós-gozo que você causava, pois o instante divino passou e o que me resta é tentá-lo descrever, pois não quero esquecê-lo e temo isso.

São fúnebres todas as tuas partidas que me deixam ainda com o seu gosto se misturando à minha saliva e fundindo-se ao meu corpo, difundindo-se célula a célula, chegando as minhas entranhas e agora sei que uma parte de você estará para dentro de mim e depois incorporará no meu primeiro decompositor! Todos os dias seguintes são luto, quando chega o dia do teu retorno, minha casa fica toda enfeitada na expectativa de que você fique! Quando presencio o toque dos teus pés na minha terra manchada de rubro, e talvez seja esse o motivo do teu abandono, enjoaste? Então, futuramente, presenciará a minha pérfida e deslumbrante saída do casulo, mudarei não por mim, porém para que permaneça e suba no meu leito inócuo, mas glorioso!

2 comentários:

  1. Eu me sinto invasiva comentando posts assim. Não sei porque, mas enfim.
    Achei tão puro e tão bonito. Vindo de mim pra você é um puta elogio, porque de puro você não tem muita coisa. Só pra registrar.

    E obrigada pelo conselho (eca) que nao é conselho. Na realidade, só me falta coragem pra dar a cara a tapa. De novo.

    Beijo

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  2. Plágio, e não foi por causa do titulo. Foi por causa do sentimento.

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