sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sem título

Dessa vez eu não estou escrevendo como se deve, estou escrevendo de um jeito que está mais para embaralhar ou organizar essas palavras soltas que estão se fazendo e se desmontando na minha cabeça enquanto meu cérebro tenta processá-las, elas vão se perdendo, escapando e não são bem palavras que te escrevo, são sensações, então, dessa vez, não te preocupas se não entenderes algo, estou na mesma situação.

Lembro-me que ia falar de amor, não definição, talvez até algumas frases clichês acompanhadas de superlativos para prolongar as frases de impacto, mas acabei jogando o roteiro fora, agora é improviso. Logo, se tens algo contra pieguices pare de ler agora, vá descansar, existe coisa melhor do que análise de crise emocional; a metalinguagem acaba agora e o próprio texto começa nestas linhas:

Sempre imaginei que (é, eu não tenho ideia de como começar isso, são sensações, não palavras palpáveis) as pessoas sentem ciúmes, porque gostavam muito de alguém e queriam esse alguém só para si, questão egoísta. Parágrafo de vocábulo raso esse, não? Bem, tão raso quanto essa ideia. Tape o seu nariz, feche a boca, vamos mergulhar...

Um relacionamento sempre começa com o corpo, perdoem-me os puritanos iludidos, mas é, daí então se segue para os sentimentos, tão inebriantes e mutantes, porém esse não é o tema agora (erro textual, -4 pontos na redação, certo?), peço perdão por me desfocar do texto, sensações, palavras, ah, tu já sabes.

Retomando: Corpo -> Sentimentos -> Logo após vem os direitos e deveres, porque o relacionamento passa a ser jurídico com ameaça de prisão, solitária e, pior, cadeira elétrica. Então, os ciúmes (quase consigo ver o alívio no teu rosto, ávido por uma narração direta e nutrida), presiguemos... Os ciúmes, diferente do que muitos pensam, vêm pela ausência de amor, ou pela ausência de demonstração de amor, porque causa uma sensação de perda para um dos lados, lado esse que pensa a “amar” (na verdade, exigir) mais o seu cônjuge, que pode até se sentir sufocado por “ser posse” e, o ruim, trás benefício nenhum, pois nem IPTU se paga, enfim... Então a pessoa começa a nutrir algo (não é sentimento) cada vez mais forte, agitado e incontrolável, porque começam as obrigações, vítimas e reféns...

E o amor se torna amor idealizado (lê-se: vai dar-se início à tragédia, até porque amor sem tragédia perde a graciosidade, certo?). O amor idealizado é amar a projeção de uma pessoa que tu criaste para a (o) sua (eu) amada (o), tornando-o outra pessoa, como se mudasse os próprios olhos para deixar de enxergar as imperfeições, passas então a inventar expectativas que nunca serão cumpridas, vem às decepções, as feridas, porém (que lindo) o “amor” se mantém inabalável e, em estado crônico, torna-se amor platônico que nunca vai vir a ser recíproco, porque tu amas o vazio, o inexistente e esse não tem o amor que tu querias para te dares como recompensa.

Amar é (lá vem a definição, depreciável, pois é opinião, não fato, mas quem tem certeza na metafísica?) enxergar (não é ficar cego, não, isso é paixão) tudo de ruim em alguém e mesmo assim amá-lo.

E, por fim, existem as pessoas “imunes” aos sentimentos (os racionais? Não, esses são bem sensitivos), os indiferentes que criam uma casca para se proteger do mundo e isso reflete de maneira muito evidente as suas cicatrizes, mas ainda se fazem de fortes, esses são os mais inseguros, desconfiados e repulsivos (não porque causa repulsão, é porque repulsam), tudo por terem medo, então se enclausuram, mas não sabem que estão, assim, matando-se com as próprias mãos, sufocando-se, um suicídio lento.

2 comentários:

  1. Primeiro tenho que fazer uma coisa antes de comentar digamos esse texto ,Mardhem parabéns guri cada dia q passa mim surpriendo com as palavras q vc escreve em seu blog.
    O ciúme é uma das enfermidades psicológicas mais congênitas. Quando se nasce com ela, a cura é difícil. Ela envenena as alegrias mais gratas da vida, derrama fel em cada gota de água, em cada bocado de pão.
    O ciumento sempre espiona, sempre duvida, sempre sofre; indaga do passado, do presente, do futuro; nas carícias busca a mentira; no beijo procura a indiferença; no amor teme a hipocrisia.

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  2. Se eu soubesse que era tão bom, tinha vindo ler antes.

    Então, tu me falou muitas frases que estão nesse texto naquele dia em que fomos mais friends de todos os dias que fomos friends, e como o mundo que eu enxergo hoje é diferente do que eu enxergava naquele dia, passei a discordar menos de ti do que discordava naquele sábado. ("naquele, naquele, naquele...")
    So, esqueci o que ia falar, então vou de improviso também: somos só um bando de almas carentes e solitárias que perambulam pelo mundo buscando algo, ou alguém em que se apegar. Fracos como eu, como você, às vezes fracos felizes, sortudos e outros mais dramáticos ou indiferentes. Bah, faltou falar do amor sendo uma grande bosta, em boa parte do tempo.

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