quinta-feira, 3 de junho de 2010

CICLO (Trilogia do Ego - Parte 1)

Vim aqui para escrever sobre a minha robusta esperança aturdida pelo meu medo esquizofrênico abusivo.

Minha noite vasta e silenciosa revela meus impulsos instintivos, configuro-me enquanto me contorço anexado às vísceras que são a minha essência transfiguradas no meu pensamento complacente diante da minha imagem decadente refletida no espelho do mundo.

O meu ar enegrecido pelo odor do luar me faz asfixiar beleza fantástica, quase diamantífera, erguendo-se sobre mim magnitude insana do incompreensível não-humano.

As fulguras das silhuetas, que agora me circundam, faz-me vibrar de prazer, antes recôndito e fundido às entranhas primordiais da minha existência de ato “profano”, difundindo-se para todo o meu corpo e irradiando radiante sobre a minha pele faminta. Silhuetas essas tão medonhas e cheias de poder, a visão alva e turva que elas proporcionam me faz estremecer de dentro para fora, agonizando e me debatendo para fugir daquela realidade surreal e assombrosa.

Sento-me, arfante, à cama e transpirando a inexpressiva e louca tontura, deparo-me ao tão declamado e deslumbrante divino estático e silencioso e isso me faz corroer o sentimento de segurança.

Caio ao chão.

Preciso me recuperar.

Minha saliva escorre, vagarosamente, percorrendo o canto da boca.

Um grito. Dois. Três.

O sorriso tortuoso, inquieto e com demasiada lascívia oculta.

O meu inconsciente é despertado. PERIGO. Um estado de frenesi surge, eclodindo as paredes do meu raciocínio, metamórfico e insano, dissolvendo minha própria existência e apoderando-se do meu corpo em último e sôfrego espasmo de consciência, sinto minha alma sendo consumida pela escuridão e agora eu pude ver aquelas silhuetas: uma árvore tortuosa e sem folhas, um enorme feixe de luz branco ao longe, trabalhadores em movimentos frenéticos, rodeados por piçarra e um ligeiro vulto se aproximando.

Fechei os olhos querendo desesperadamente sair dali. Subitamente, senti o meu corpo sendo sugado, célula por célula, pelo feixe de luz. Meu corpo agora estava flutuando no vácuo, um ambiente com um imenso vazio, era agonizante passar horas a fio ali, viajar por cada história do meu passado até o presente sem sair daquele branco que, simultaneamente, era tranquilo e mortal.

Já não sabia onde estava, uma calma tranquilizadora expandindo-se dentro de mim, logo depois uma imensa dor percorrendo cada nervo do meu corpo, dilacerando meus tecidos corporais e agora era feito de pura carne viva e vermelha, estava exposto ao mundo como um recém-nascido, mas não no seu leito inócuo, e procurava por algo que não sabia o que era como esse recém-nascido busca, instintivamente, o peito da mãe procurando leite, talvez fosse isso a minha busca: o alimento, algo que me nutrisse e me proporcionasse forças para querer sobreviver, era isso e não queria mais pensar, porque talvez eu perdesse o único objetivo pelo qual passei a minha vida inteira procurando.

Uma convulsão. Duas. Três. Já não queria parar. Eu estava na frente do portão do conhecimento universal, batia minha cabeça nele e uma cachoeira faceira ia deslizando no meu rosto, sabendo que não importaria o quanto eu tentasse sempre estaria começando e nunca chegaria ao fim.

Repentinamente, um insight e um deslumbre, meu sorriso era enorme e a máscara que eu poli a manhã inteira, no fim da tarde parecia lixo. Eureca! Eureca! É UM CICLO.

2 comentários:

  1. você descobriu nesse texto a sua vida ,tá bem legal ...precisamente tá perfeito *-*

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