sábado, 3 de julho de 2010

Chuva de moedas


Nela sincronizam-se soldados. Nela sincronizam-se ladrões. Ladrões de ossos, ladrões vestigiais e até mesmo ladrões de rouxinóis. A chuva deixa a poça, a poça é momentânea, mas proveitosa, esbanjam-se nela, porém não percebem quando ela vai embora, ficam nadando na lama, o que sobrou, com sorrisos largos e olhos fechados.

Chuva de moedas... Não entendo porque moedas, é metal inútil, queria que fosse chocolate, porque é mais saboroso do que moedas.

Moedas trazem grilos, grilos trazem verde, o que ninguém percebe é que não é esperança, é praga mesmo.

Hoje ninguém quer moedas, querem cédulas, daí fico cogitando na burrice de trocar metal brilhante por papel morto e que mata. Mata a mata de grilos e agora as pessoas esqueceram o que são grilos, porque não há mata, e abriram os olhos, perceberam que os grilos mortos viraram vermes, abiogênese! Vermes que deterioram. Vermes amantes dos decompositores. Vermes nas suas entranhas. Vermes nas suas cabeças... Daí surge a fuga da realidade, essa viagem alucinante, porém insana, gênese da alienação!

Então abaixamos a cabeça. Seguimos regras e o batuque da batedeira do mulato é o que resta... Diversão é futebol... Pão e circo... Andamos sempre dormindo. Para quê pensar? Não sou herege, se há quem pense por mim é o que nos rege.

Socorro! Me acudam... Vejo uma tropa de pessoas com cisticercose, disseram-me que aqueles cisticercos são contagiosos... Olhos de robô. Robôs nas fábricas e na vizinhança... Tremo. São os cisticercos que as transformam em robôs, minhas pernas bambeiam diante de pessoas-nada, sem emoção, apenas razão, elas correm atrás da chuva de moedas... Algumas ficam na lama, algumas retiram os cisticercos e poucas chegam.

Chamam isso de vida? Então é uma batalha incessante, intangível, imutável e implacável... Afinal... Somos animais racionais e muitas vezes anti-emocionais. Estupidez. Blasfêmia contra o meu divino! É uma caçada... Um ciclo... Existem presas e predadores. Denominamo-nos racionais pelo simples fato de vestirmos roupas, porém a essência animalesca irracional parece que nos atrai e permanece.

Não arrote, conta a etiqueta. Creia em algo, implora você mesmo, não querendo aceitar a falta de sentido da vida. Vote, impõe o governo, assim poderá escolher quem é o indicado à melhor destruidor do país e a culpa será toda tua. Não beba, “pede” a Igreja, quando o próprio Cristo tomava bebidas alcoólicas. Use a camisinha, espalhe a luxúria. E jamais esqueça: beba Coca-Cola. Siga a moda.

São apenas coisas implícitas, porque ser diferente é ser estranho e ser diferente tornou-se comum, pois a estranheza habita até no pintar a face, então o comum é o verdadeiro estranho e bota esquisitice nisso. Ser comum e gostar disso... Fascinante!

O que fica é o: Viva, dos carpe dianos, que não são noturnos e detestam a gramática, então reina... Mas não governa! Porque se eu penso, eu existo. Existo? Sou o nada, poderia dizer tudo, porém o tudo é quantitativo desde o princípio e o nada é mais vasto do que o tudo, porque é inimaginável por sua imensa magnitude. Porém, penso e sou o nada. Existo?

Um comentário:

  1. Fascinante!
    Confesso que de inicío achei morno, depois frio, mas depois que esquentou... Muito bom. Classificou o post bem.

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